segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Harpa, Bossa-Nova, João Gilberto e a Máfia.

** Já falei da Joanna Newsom, aquela que toca harpa, tem voz de uma Bjork adolescente, é hipponga doidinha de pedra, e que mesmo assim consegue fazer músicas fofas (apesar de eu ainda não conseguir ouvir um disco inteiro) que dão sono mas que não te deixam dormir. Bem, ela é muito mais que isso, claro, está causando e merece crédito. Mas tocar som deprê regado a harpa na pista é querer empurrar as pessoas pro bar. Ou fermentar aquela disputa boba de indie "eu tive 'as manha' de tocar Joanna na pista". Preguiça enorme.

** Mais preguiça ainda de aturar norueguês metido a João Gilberto que exige bossa-nova na pista. Tudo bem que Kings of Convenience tem a sua graça, mas eu acho que na verdade, Simon & Garfunkel já fizeram - e bem - a sua contribuição à humanidade. Se a dupla é legal mas cansa um pouco, o que foi o cara sozinho com violão no peito pedindo para as pessoas praticamente ficarem sem respirar durante a apresentação? A voz dele é linda, ele é um gringo até que simpático, as músicas são boas e a discotecagem dele pós-show não foi das piores, mas... bem, zzzzz. Psiiiu e shiiiu não são coisas para se ouvir a cada 5 segundos em uma sexta-feira à noite. Aprenda a cantar mais alto ou, na próxima vez, vá tocar em um mosteiro! E não se esqueça de chamar o Maneco do Leblon Projac para a trilha sonora. Porque deu um pouco de vergonha alheia de ver o "pessoal muderno" se esforçando ao máximo para fingir que um dia achou lindo dançar bossa-tema-de-novela das oito como se fosse a música da vez.

** Às vezes quase sempre, eu me rendo a um filme pirata. Porque eles caem na minha mão, simplesmente. E essa semana alguém aí apareceu com o "Infiltrados", novo filme do Scorsese. Acho filme de máfia um saco, entra naquela categoria "não vejo nem que me paguem". Conseguiram me convencer e, clichês à parte, o filme é bom mesmo. E olha que eu odeio a cara de Bebê-Johnson do Di Caprio. E mais ainda o porte de jogador de futebol americano anão do Matt Damon. Odeio cenas de acerto de contas e cenas de troca de mercadoria com gangues rivais em carros pretos se encontrando em galpões abandonados. Sempre a mesma ladainha. Mas a minha diversão foi outra. O sotaque irlandês-americanizado dos atores somado a gírias absurdas com uma legenda bem das mal feitas em português de Portugal com trechos em Portunhol. Frases como "tens seu período?", "estou a usar o telefone móvel", "aquela cajo de uma égua", "seu cocô de cavalo!" saindo da boca do Jack Nicholson é no mínimo divertido.

Um comentário:

Kamille disse...

Também tenho muita preguiça de uma certa "vanguarda". É tipo uma galera que ADOOOORA funk carioca, mas você sempre vê tocar as duas mesmas músicas, sabe?