quarta-feira, 14 de março de 2012

MARROCOS - parte IV: Comidinhas

*O onipresente tagine. (foto do site SpiceBazaar

"Uma vida sem problemas é como um tagine sem especiarias"
* A frase acima foi do Omar, guia que nos levou ao deserto. Claro que falada em espanhol ela tem mais impacto. Adoro provérbios. Principalmente esses que dizem muito (sobre um lugar) com tão pouco. No começo, achei que o provérbio tinha uma mensagem otimista, pregando que o legal na vida era passar por desafios e conflitos e que uma vida pacata não tinha a menor graça.

* Depois de dez dias de culinária marroquina, no entanto, concluí que o ditado quer dizer: "Uma vida sem problemas é como um tagine sem especiarias: não existe". Não só o tal do tagine, mas não há NADA naquele lugar que não seja lotado de especiarias (um saquinho de tempero pode ter 40 delas). Até a salada, o ovo cozido, a sopa... A cidade toda cheira a cominho, é impressionante.

* Pro bem e pro mal, né, já que lá pelo quinto dia você começa a cansar de tanto tempero. A gastronomia local foi um pouco decepcionante, na verdade, e sem querer generalizar, mas já generalizando, ela é formada basicamente de variações de 3 temas: tagine (ou, "tajine"), cuscuz e brochettes. Esses três pratos principais poderiam ser: de carneiro, carne bovina, frango ou vegetariano:

Um cardápio bem variado ;-)
* De novo: não que seja ruim, mas depois de um tempo, cansa. E posso estar cometendo uma injustiça, mas estou falando de restaurantes com comida típica. Não de restaurantes com comida marroquina "contemporânea" ou dos restaurantes da new city, que tem culinária mais "internacional".

* Alguns lugares que gostamos:



>> Chez Abdelhay frère Rachid: Fica bem no meio do souk (mercado), mas é fácil de achar (se você estiver com o nome em mãos, claro, porque se perder no souk é a coisa mais fácil que tem). Abaixo, os três "temas": tagine, cuscuz e brochettes + o famoso pão marroquino, que vem quentinho.


* Esses pães são assados em fornos coletivos. As famílias levam a massa até um lugar como este, abaixo, e pegam o pão prontinho mais tarde. Todos os mini-quarteirões com ruas estreitas da Medina tem: uma casa de banho, uma escola de alcorão, uma mercearia e um forno coletivo:


>> As barraquinhas de comida na Praça Jemaa el-Fna:



* Ali, é pensar menos na higiene e mais no sabor. Força. À noite, a praça ferve de locais e turistas. Os donos de todas as barracas vão fazer de tudo para te arrastar para as mesas, mas a dica que recebemos foi: "não escolham uma barraca vazia, é problema".

* A sopa (canto inferior direito) Harira é normalmente servida durante o Ramadã e é feita de lentilha, feijão e cordeiro. Quase uma refeição.

* Não dá pra ver direito na foto (no canto inferior esquerdo), mas gostamos muito da B'stilla (ou, "Bisteeya" ou "Pastilla"), prato típico bérbere. Delícia! É uma torta crocante de carne de pombo (comemos a de frango, ACHO), com amêndoas e passas, temperada com canela e salpicada de açúcar de confeteiro.  Tipo isso (a foto é daqui):


**** E agora, o: Tagine, Tagine, Tagine ****
>> Vegetariano:


* Esse outro tagine vegetariano (abaixo) é do restaurante Le Marrakchi. Comida excelente e uma vista linda da praça Jemaa el-Fna, mas bem turístico também (ou seja, com dançarinas do ventre passeando pelas mesas e equilibrando bandejas de velas acesas na cabeça).


>> De frango e preparado pelos bérberes no acampamento do deserto, com acompanhamento de arroz e lentilha. O melhor da viagem!



>> De frango e de carne, no restaurante Bellevue, na estrada para o deserto:


>> De carneiro. Com ameixas, passas, azeitonas e batatas. Ficou em segundo lugar. Esse a gente experimentou em Ouarzazate, no restaurante-hotel L'Oasis D'Or:



* Aliás, a vista da nossa mesa nesse restaurante era essa aqui, linda:


>> Mas, quando você atingir o seu limite aceitável de tagine, dois restaurantes 'não-típicos' que amamos:


* AZAR, de comida libanesa. Tudo que pedimos estava delicioso e o restaurante é bem bonito (também com dançarinas do ventre, mas mais... "moderninhas"). Fica no meio da 'cidade nova' e, atenção!, vira uma balada no subsolo depois das 22h. Não pegamos essa parte porque era domingo, mas vimos que um elevador forrado com veludo VERMELHO leva os fregueses até a pista. =) E lá tem a tal da torta doce/salgada (pastilla) que citei mais acima. Huuum.


* Essa mísera foto de uma salada com queijo de cabra é o único registro que tenho do jantar no La Mamounia (por favor cliquem, é de chorar). O lugar era tão estonteante que dava vergonha de tirar a minha cybershot da bolsa. Jantamos em um dos quatro restaurantes do hotel, o de comida italiana (o único que ainda aceitava reserva para o mesmo dia). 

*foto do site, com uma versão mais chique das panelas de tagine
* Tudo vale a pena lá dentro: o passeio pelo 'castelo-resort', o "bar do Churchill", a comida, claro, e o serviço impecável. E apesar de você estar no hotel mais luxuoso do Marrocos, o preço é equivalente ao do Spot ou ao do Lorena, por exemplo. o_O Aliás, no Marrocos se come MUITO bem com muito pouco, uma das grandes vantagens da viagem. 

>> Nos restaurantes, a língua oficial para turista é o francês. Depois o espanhol e só então, o inglês. Levei até um dicionário de francês e tal, mas a minha pronúncia constrangedora não adiantava em nada.  Nessa padaria, tentamos pedir um sanduíche de queijo e uma "faquinha" para a manteiga. Deu nisso:


* O facão de cortar cana até que serviu para passar a manteiga, mas o sanduíche de salsicha-cor-de-rosa não rolou. =/


>> POSTS RELACIONADOS:

[ Mais fotos no Flickr! ]

7 comentários:

Eduardo Palandi disse...

manda um de cada, menos do pombo, aqui pra Asa Sul

Unknown disse...

=))))
Quantos tipos de tagine você vai querer? haha

Anônimo disse...

Que delícia ler seus posts! vc escreve de uma maneira que dá uma vontade enorme de viajar!

Unknown disse...

<3 <3

Eduardo Palandi disse...

manda os tagines que tiverem. mas tem que ser daqui a 40 dias, quando a dieta acaba...

Anônimo disse...

Será que vou gostar? Pretendo viajar em maio. Obrigada pelas dicas!

Anônimo disse...

que delícia essas comidinhas, adorei!
que viagem bacana!!!!
Paula